Companhia Chavantes de Armazéns Gerais


Companhia Chavantes de Armazéns Gerais


Procurando antigas informações sobre Chavantes, encontrei algumas poucas notícias sobre a chamada Companhia Chavantes de Armazéns Gerais.
Mesmo com pouco material, é possível conhecer a importância do café em nosso município, cuja influência supera as suas fronteiras chegando ao Estado do Paraná.

Foi criada em 1933, com a locação de 11 armazéns e 1 aquisição, vistoriados pela Junta Comercial do Estado de São Paulo, que concedeu o amparo legal para que funcionasse de acordo com a lei de Armazéns Gerais. Assim, nossos armazéns passaram a receber mercadorias a partir do dia 09 de agosto do mesmo ano.

Mercadorias Depositadas:
Em 11 meses: 142.036 sacas de café, sendo 139.404 sacas da cota de sacrifício, por concessão outorgada pelo Departamento Nacional do Café, agência São Paulo.
Apesar dos reiterados pedidos para armazenamento de grandes quantidades de café e de outros produtos agrícolas do Município, a Cia encontrou dificuldades para atendê-los por falta de espaço.
Levando em consideração propostas feitas pelo Exmo. Sr. Presidente do Departamento Nacional do Café, para que fosse ampliada a sua concessão, para o rebebimento de cafés do Estado do Paraná, numa zona limitada, os acionistas arrendaram alguns armazéns e assumiram a direção de um próprio daquele Departamento, nos quais recolheram em depósito 23.115 sacas de café, sendo 20.600 em Presidente Munhoz e 2,515 na cidade de Ribeirão Claro.

Emissão de Títulos:
Para os cafés do Departamento Nacional, foi desnecessário títulos da emissão obrigatória visto que a organização do Departamento, subordinado ao Ministério da Agricultura, fornecia os seus impressos oficiais. O Armazéns Gerais de Chavantes chegou a emitir somente 2 conhecimentos de depósito e warrant e 3 recibos de simples depósito para um total de 2580 sacas de café.
A  Companhia Chavantes de Armazéns Gerais de Chavantes, comunicou aos Srs Acionistas que, por concessão, do mesmo Departamento Nacional do Café, e às vistas públicas, foram incinerados no campo de Chavantes 135.927 sacas de café e no de Presidente Munhoz 15.816, num total de 151.743 sacas, rigorosamente controladas por inspetores e fiscais daquele departamento, conforme termos de incineração e documentos correlatos, devidamente assinados, e arquivados.

Mercadorias Retiradas:
além dos cafés retirados para incineração, foi entregue ao Departamento Nacional do Café o restante dos depósitos, mediante recibos, para um total de 8.261 sacas das que existiam nos armazéns de Chavantes e de Presidente Munhoz que foram transferidas para o Armazém Regulador desta cidade.
O Armazém Geral de Chavantes possuía 2.515 sacas de café na cidade de Ribeirão Claro, aguardando breve solução para o destino das mesmas.

Máquina de Beneficiar:
A Vultosa safra cafeeira de 1933/34 animou a Cia a comprar uma máquina de renebeficiar o café cujos resultados foram surpreendentes. Foi instalada em dezembro de 1933.
Finanças: toda a farta documentação foi exibida em Assembléia Geral que, com o parecer do Conselho Fiscal, aprovou o balanço e contas em 30 de julho de 1934.
Eram responsáveis pela Cia de Armazéns Gerais:

Sr. Dr. Armando Vidal, Presidente do Departamento Nacional do Café; Sr. Dr. Oswaldo Franco agente de São Paulo; Diretoria de Chavantes: Arnaldo Ferreira da Silva, Ernesto Fonseca, R. da F.B. Davids e Francisco Pereira Leite e Silva.


Convocação publicada no jornal O Município em 1934

Incineração de Café

Na data de 14 de janeiro de 1934, a cidade recebeu fiscais do Departamento Nacional do Café, com o fim de incinerar 20.000 sacas armazenadas na Companhia Chavantesde Armazéns Gerais, obedecendo ordens daquele Departamento. O café é  da quota de sacrifício. A comissão foi presidida pelo técnico Annibal Sampaio, encarregado do serviço em todos os armazéns e reguladores servidos pelas ferrovias Sorocabana e Noroeste. No 1º dia foram incinerados 1.400 sacas, e ao cabo de 8 dias a tarefa estará realizada em Chavantes, seguindo a comissão para Presidente Munhoz no Paraná, onde serão destruídas mais 6.000 sacas. A Direção da Cia de Armazéns gerais de Chavantes atualmente,  é do sr. Rolando Davids.


Porque o café foi  incinerado?

A crise internacional de 1929 atingiu em cheio a economia brasileira, baseada exclusivamente na exportação de produtos primários, principalmente o café, que teve seus estoques aumentados e os preços do produto em queda. Desta forma o Governo de Getúlio Vargas teve início enfrentando os problemas da superprodução do café, o esgotamento de recursos cambiais e a crise das finanças públicas.
Por pressão dos coronéis paulistas, Vargas criou em 1931 o Conselho Nacional do Café - CNC que implementou a "política de sustentação" através da compra e queima dos excedentes que estavam estocados em depósitos do Governo. A queima, logo de início de 17,2 milhões de sacas provocou a redução dos preços do produto no mercado internacional e a economia começou a se recuperar ainda em 1933, antes mesmo do que os Estados Unidos.
Vargas desejava evitar confronto com os plantadores de café, mas mesmo assim teve que enfrentar a oposição paulista com a Revolução Constitucionalista de 1932. Em 1933 o Conselho passou a ser o Departamento Nacional do Café – DNC, que ao final do Governo já era o Instituto Brasileiro do Café - IBC.
A "política de sustentação" adotada por Getúlio e pelo Ministro da Fazenda, o paulista José Maria Whitaker, foi baseada em três pontos:
  • a compra de boa parte da safra de 1929/1930 com empréstimos de bancos ingleses, evitando que os cafeicultores falissem, porque se isto acontecesse pararia toda a economia do país que estava baseada no café e isto logicamente não interessava a ninguém, todos perderiam;
  • o Governo passou a queimar parte do café, para desespero dos cafeicultores, desta forma entre 1931 e 1944 quando o Governo parou de destruir os estoques: as "quotas de sacrifício", foram incinerados 78,2 milhões de sacas de café. Esta providência pôs fim a queda desenfreada do preço do produto que pode ir se estabilizando no mercado internacional;
  • paralelamente, o Governo lançou uma ofensiva comercial, vendendo café para novos países da Europa Central e assinou com os Estados Unidos um acordo, em 1935, com o qual eram mantidas as isenções de tarifa nas importações de café brasileiro.
Além destas medidas o Governo também reduziu o imposto de exportação do café. O mercado internacional reagiu e as exportações subiram enquanto o preço descia, colocando o produto mais competitivo em relação ao de outros países:
"Em 1937, 52% do total de café importado pelos Estados Unidos vinham do Brasil e este percentual aumentou para 61% às vésperas da guerra, em 1939."                                    A recuperação foi necessária porque o país não podia prescindir de seu produto mais importante, que a despeito da industrialização por que o Brasil passou nas décadas de 1930 e 1940, continuou sendo o seu principal produto e a sustentação da economia do país até a década de 1950. 

EM CONSTRUÇÃO

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